quinta-feira, 29 de novembro de 2007

Questão moral

Ainda não contei essa história no blog, mas acho que vale a pena…

No Brasil não é muito comum precisarmos do guarda-volumes das baladas. A diferença de temperatura dentro e fora da balada é muitas vezes similar ou ao menos aceitável. No entanto, no inverno europeu, é impossível não precisar de um casaco à noite, o qual é totalmente dispensável ao entrar nos clubes.

Bom, as baladas geralmente cobram, mesmo que seja um valor quase simbólico, para que seu casaco seja guardado. Aqui em Koblenz normalmente é um euro. Ok, até aqui, nenhuma novidade!

Um tempo atrás fui para uma balada com alguns amigos e, na confusão de todos entregando o casaco ao mesmo tempo, acabaram não cobrando na minha comanda. Quando percebi, avisei meus colegas e voltei até o guarda-volumes, para que marcassem. Meus amigos (alemães) ficaram inconformados! Disseram: “Na Alemanha NADA é de graça! Se você consegue algo, tem mais é que ficar feliz e aceitar…”.

Estou realmente acostumado a enfrentar desaprovações como esta no Brasil. Mas achava que europeu era diferente. O que vejo aqui é que, se eles não pirateiam CDs e DVDs como no Brasil e nem baixam MP3 ilegalmente da internet (só em sites onde se pode comprá-los) é apenas porque a fiscalização é mais rigorosa. A lei funciona e, portanto, obedecê-la é necessário. Se for pego dirigindo bêbado, você perde a carta e aqui não dá para COMPRÁ-LA novamente.

Minha conclusão pessoal? Que uma pessoa de bem no Brasil tem muito mais mérito que uma na Alemanha, visto que somos criados num meio muito mais caótico, sem lei nem ordem, aprendendo de berço que “o mundo é dos espertos”.

quarta-feira, 28 de novembro de 2007

Conferências da AIESEC

Os últimos 2 finais de semana presenciei minhas primeiras conferências da AIESEC. Nos dias 16 a 18 de Novembro foi a conferência para os novos membros da AIESEC de Koblenz e mais alguns que perderam a conferência de Bonn e Frankfurt, participando então da nossa.

Fui como membro da organização (nas duas vezes), já que que não haveriam workshops para Trainees, não havendo, portanto, muito que eu pudesse fazer. Nada mal, pois quem é da organização não precisa pagar os custos de estadia e alimentação, que seriam 40 euros na primeira e 70 na segunda!

A segunda, que foi de 23 a 25 de Novembro, foi para a região oeste, incluindo diversas AIESECS como Aachen, Colônia, Bonn, Koblenz, Giessen, etc. Basicamente foram os comites executivos em exercício mais os membros dos novos comites já eleitos, isso para cada AIESEC; totalizando mais de 120 pessoas.

Foi impressinante ver que a maneira como conduzem as plenárias e os Workshops é exatamente igual à que fazemos no Brasil, salvo talvez pelos atrasos, que no Brasil chegam a horas e aqui nunca passa de alguns minutos…

quarta-feira, 14 de novembro de 2007

O inverno chegando!

Os termometros já estão marcando tenebrosos 2º C. Ontem, na hora do almoço e novamente hoje pela manha ameaçou nevar, caindo pequenos (e quase imperceptíveis) flocos, que rapidamente desapareciam no chão.

Até hoje minha noção de frio era quando saia fumaça da boca ao falar. E MUITO frio era quando saia pelo nariz, ao respirar. Preciso rever meus conceitos...

segunda-feira, 12 de novembro de 2007

Elfter Elfter, abertura do Carnaval.

Aqui na Alemanha comemora-se no dia 11 de novembro, conhecido como Elfter Elfter (o 11º do 11º), a abertura do carnaval. O carnaval mesmo é em fevereiro, como o nosso, mas tradicionalmente, principalmente na região que me encontro, essa festa é bem popular. E a festa mais popular é a da cidade de Colônia, pra onde fui no domingo.

Já no meio da semana algo curioso aconteceu. Na região da Centralplatz (praça central), aqui em Koblenz, estão construindo um prédio. E nessa quarta feira que passou encontraram uma bomba, da segunda guerra mundial, de cerca de 500 kg, pelo que ouvi falar. Acredito que por existir muitos prédios comerciais em volta, resolveram realizar a operação de desarme da bomba no domingo, 11 do 11. Com isso, 11 do 11 de Koblenz foi transferido para 10/11.


Em principio achei bom, pois poderia então ir às duas festas. Mas o tempo tava tão feio no sábado que nem quis sair de casa. Não basta o frio que já chegou por aqui – hoje vi um termômetro marcar 4ºC – ainda choveu quase o dia todo.


À tarde viajei com o Markus para Bonn, que é meio caminho para Colônia. Lá dormimos na casa de seus pais e, de lá, pegaríamos o trem para Kolonia na manha de domingo. No entanto precisava primeiro terminar minha fantasia!

Sim, fantasia! Como em qualquer festa de carnaval que se preze, todos usam fantasias. O Markus me emprestou uma de frade e resolvi complementar fazendo uma cruz. Tinha uma madeira aqui em casa e peguei ainda umas bolinhas de aço, usadas na produção das válvulas dos dispositivos ABS que produzimos lá na TRW. Segue o resultado abaixo...


















A festa começa, não por acaso, às 11:11h da manhã. Todos procuram chegar no local ANTES desse horário. Acordamos por volta de 7h (SETE DA MANHÃ!!) e às 8h já estávamos no trem, rumo à Colônia.

Abaixo seguem 2 fotos da galera se dirigindo ao local da festa. Vale ressaltar que foram tiradas mais de 2h antes do início oficial do evento e com tempo chuvoso, que geralmente afasta o público... (reparem na 1ª foto a Catedral de Colônia – Kölner Dom)


















Além da música no palco principal, algumas bandas podem ser encontradas pelas vielas da redondeza. Uma delas, quando vi, estava tocando Aquarela do Brasil, do Ary Barroso. Infelizmente não deu pra gravar.




Bom, por enquanto é isso. Minha foto de fantasia não tenho a intenção de publicar. Quem sabe eu a use novamente no carnaval e então acabe mostrando.

sábado, 3 de novembro de 2007

Mini-fijoada + Museu da História da Alemanha

Quarta feira foi o último dia do Markus na TRW. Pois é, agora as coisas podem complicar um pouco, se bem que ainda tenho o Ralph para me ajudar em casos de emergência.

De qualquer forma, ele quis fazer um almoço/lanche em seu último dia, para juntar todos do escritório. Então na segunda fomos para o “Metro”, que é um mercado tipo o SamsClub, que ele é cadastrado e pode comprar. Já fui lá com ele uma vez, e foi onde comprei o arroz de 5 quilos. Dessa vez quis procurar ingredientes para uma feijoada. Acho que tem quase tudo lá... Comprei feijão preto e uma carne de porco que parecia lombo (ainda não sei se era), mas que é comum aqui e eu quis provar.


Quarta à noite fiz uma mini-feijoada, com o feijão preto, a carne de porco, uma lingüiça que já tinha e uma tentativa de farofa, pois só tinha farinha de milho aqui (ainda preciso achar a certa). Ficou razoável. O maior problema é que não tenho panela de pressão e não sabia que fazer feijão na panela demorava tanto. Segue uma foto do resultado.



Aqui na Alemanha o feriado é dia 1 de Novembro, e não dia 2. Ninguém ainda soube me dizer porque, pois dizem que é algo como finados (inclusive fazem visitas ao cemitério), mas sabemos que finados é dia 2...


Não é feriado na Alemanha toda, mas na região que estou é. E é um feriado que vem a calhar, pois 31 de Outubro é Halloween, que eles festejam – à moda americana, inclusive tocam a campainha pedindo doces. Aproveitando o mesmo, viajei com o Markus para Bonn. A intenção era ir para uma festa de Halloween, mas encontramos alguns amigos num bar e de lá ficamos com preguiça de emendar a festa. Fora que sairia meio caro, pois além da festa, teríamos que pegar um taxi para voltar pra casa, já que não haveria mais trem.


Quinta ele me levou para conhecer mais duas coisas em Bonn. A primeira foi um cemitério, onde se encontra seu avô. O que é interessante nesse cemitério é que possui muitas sepulturas de não-alemães, me parece que relacionado a sobreviventes da guerra. As famílias vivem na Alemanha e, segundo o Markus, são sustentadas pelo governo. As lápides dos túmulos dos familiares falecidos são monumentais, a maioria em mármore, muitas vezes com mais de 2 metros de altura.


Talvez devido ao feriado, o cemitério estava bem cheio. Queria tirar algumas fotos, para publicar aqui, mas o Markus disse que esses estrangeiros não gostava muito disso. Contou ainda que existem espécies de gangues rivais entre eles e, uns 2 anos atrás, quando visitava o túmulo de seu avô com sua antiga namorada, as gangues começaram a trocar tiro e os 2 se encontravam praticamente no fogo cruzado, até que a polícia chegou! Pois é, acontece na Alemanha também!


De lá fomos para a “Haus der Geschichte der BR Deutschland”, que é um museu da história da Alemanha no pós guerra. A iniciativa da Alemanha de fazer e sustentar esse museu, que é gratuito, em minha opinião é fantástica! Lá é possível refletir bastante sobre o que foi a guerra, tanto para os alemães quanto para os demais. Infelizmente era proibido tirar fotos, mas como eu não sabia, acabei tirando umas no início, como dessas vestimentas e cartas originais de refugiados da guerra.
















E dessa placa que diz “Deutsche! Kauft nicht beim Juden!”, que significa: “Alemães! Não comprem de judeus!”.





E ainda esses arquivos, que guardam milhares de fichas (originais!) de identificação de pessoas que morreram na guerra.


















Tinha ainda uma sala, com televisores que mostravam, com um letreiro que corria sem interrupção, um nome após o outro de mortos da guerra. Dizem que pode-se passar dias lá sem que um nome se repita. Eu achei em um site as seguintes informações: “Ao todo, estima-se que 50 milhões de pessoas morreram durante os seis anos de conflito. 35 milhões de pessoas ficaram feridas. 20 milhões de crianças tornaram-se órfãs. E 190 milhões refugiadas.”


Tinha tanta coisa lá que nem lembro: parte de um avião que era usado para distribuir comida e medicamento aos campos de batalha, com caixas de madeira contendo produtos originais da época – exatamente os mesmos que eram distribuídos. Uma réplica de uma sala de inspeção, onde quem queria cruzar de um lado da Alemanha para o outro deveria passar, apresentando documentos e justificando o motivo! E ainda, o que mais me impressionou; pedaços originais do muro de Berlin – com cerca de um meto de largura e uns 3 de altura – ainda com as pichações e tudo. Só de tocar naquele muro, imaginar que uma cidade foi separada ao meio, familiares e amigos, divididos por um aquela enorme massa de concreto...


Por fim, ontem (sexta feira), teve aqui em Koblenz uma festa chamada “Electric City”. Oito baladas daqui (que devem ser todas, hehe) fazem uma festa conjunta, onde você entra em uma, pega uma pulseira e pode sair e ir para qualquer outra quando quiser. Nesse dia, todas tocam música techno e vão trocando de DJ. Da pra ver num folder que DJ toca em que horário e em que casa e buscar os que prefere. Pra mim é tudo igual, mas de qualquer forma.


Fico por aqui e acredito que terei mais novidades em breve.