Meu amigo, Felipe, está morando n`A Haia (The Hague em inglês ou Den Haag em holandês). Peguei um trem de Koblenz a Amsterdam e lá nos encontraríamos eu, ele e meus dois amigos que lá estudam (Lex, que é holandês e Joanne, que é de Aruba e mora atualmente em Amsterdam).
Já no trem a primeira lenda da viagem. Uma carioca, que havia conhecido em minha primeira viagem depois que cheguei na Alemanha – aquela para a cidade de Aachen – estava no mesmo. Ela ganhou a passagem da tia e estava a caminho de Amsterdam, onde encontraria outro brasileiro que conheceu pela internet e juntos procurariam ainda um lugar para dormir, visto que ela passou o mês tentando reservar algum lugar pelo telefone sem sucesso: tudo estava lotado!
Chegando a Amsterdam encontrei o Lex e a Joanne já me esperando no terminal do trem. Em seguida meu amigo me ligou dizendo que estava chegando. Ele veio de carro, pois a empresa banca o combustível – Den Haag fica a cerca de 60 km de distância.
Entramos todos no carro – eu, Lex e Joanne, pois a carioca ficou por lá, procurando albergue e esperando o outro sujeito – e fomos procurar um lugar para estacionar, o que é extremamente difícil em Amsterdam, a não ser que se esteja disposto a pagar, e caro. Paramos perto da casa da Joanne, que é longe do centro e, de lá, voltamos ao centro de Tram (relembrando: Tram = Bonde). Fomos então jantar num restaurante, onde uma amiga da Joanne, também de Aruba se juntou a nós. Na foto, da esquerda pra a direita: a amiga da Joanne (desculpem, não lembro o nome), a Joanne, eu, o Felipe e o Lex.
Depois da janta fomos a um bar e depois a uma balada chamada clube 11, pois ficava no 11º andar de um prédio, antes sede do correio (pelo que entendi). O local era meio alternativo, mas a vista era fantástica.
Após a balada voltamos de carro até a casa dele em Den Haag, onde dormimos (mas não muito). Combinamos de encontrar o Lex e a Joanne às 11h em Amsterdam para conhecermos a cidade. Evidentemente chegamos “um pouco” atrasados, mas foi mais por nos perdermos do que por acordar tarde. Mesmo com GPS, andar por Amsterdam de carro é um tanto complicado. Nesse dia se juntou a nós o Rodrigo, um dos brasileiros que trabalha e mora com o Felipe.
Iniciamos o passeio a pé, passando pela bolsa de valores e chegando à Praça Dam. Nessa famosa praça pode-se contemplar: o Palácio Real (Paleis op de Dam), um dos três palácios nos Países Baixos que estão à disposição da Rainha Beatriz; a Igreja Nova (Nieuwe Kerk), igreja em estilo gótico utilizada para a coroações reais (a própria Rainha Beatriz foi coroada nesta igreja, em 1980) e também casamentos reais, como o do príncipe herdeiro Willem-Alexander com a princesa Máxima, em 2002; o Monumento Nacional (Nationaal Monument), um pilar de pedra branca erguido em 1956 em memória das vítimas da Segunda Guerra; e ainda o museu de cera “Madame Tussauds”.
A praça, que constantemente abriga protestos e manifestações, era nesse sábado palco de uma manifesto contra a política holandesa, que de tão liberal, permitiu a um deputado de extrema direita realizar um filme anti-mulçumano, onde o mesmo diz ser o Corão um livro fascista e que incita a violência.
Saindo de lá, um prédio que me chamou a atenção foi esse shopping, para mim tão oponente como o palácio real.
Passamos também em frente à casa de Anne Frank (ou Anneliese Marie Frank), que hoje funciona como um museu em memória da mesma. Para quem não conhece a história dessa menina, ela foi uma judia obrigada a viver escondida dos nazistas durante a Segunda Guerra Mundial, junto com sua família e mais quatro pessoas, durante 25 meses, num anexo de quartos por cima do escritório do pai dela. Durante esse tempo ela escreveu um diário que foi publicado como livro (atualmente traduzido para 67 línguas e é um dos mais vendidos no mundo) e depois virou filme.
Abaixo seguem fotos da estátua da menina, que foi mandada a um campo de concentração após o esconderijo ser descoberto e veio a falecer duas semanas antes de o campo ser libertado. Tem também uma da casa e uma de um pedaço da enorme fila para visitar o museu.
Depois passamos pela Westerkerk, igreja construída entre 1620 e 1631, com uma torre de 85 metros de altura, a mais alta de Amsterdam. Foi nela que, em 10 de Março de 1969 a Rainha Beatriz (até então princesa) casou com o príncipe Claus. Ela é também por vezes mencionada no diário de Anne Frank.
Fizemos então uma pequena pausa para degustar um típico aperitivo holandês, conhecido como Haring. Trata-se de um peixe cru, que deve ser comido segurando pelo rabo, apos passar na cebola. Interessante...
Resolvemos fazer um passeio de barco pelos canais holandeses. Abaixo seguem algumas fotos, entre elas a de uma pequena casa que funciona como “Coffee Shop” (local onde é permitida a venda e consumo de maconha). Esta construção, como muitas outras na Holanda, é levemente inclinada. Isso ocorre muito, pois o solo holandês não é muito firme, uma vez que se encontram abaixo do nível do mar. O guia comentou que, nesta casa em especial, basta entrar por alguns instantes que ela volta a aparentar estar reta.
Mas nesta foto em particular pode-se ver perfeitamente os efeitos do solo arenoso nas casas
É engraçado também ver que as casas são geralmente estreitas e altas. Onde meu amigo mora são 3 andares. No térreo tem a cozinha, um lavabo e um depósito. No primeiro andar, 2 quartos e o banheiro. No segundo andar, mais dois quarto e uma área de serviço. A razão, segundo o Lex, é que no passado os impostos eram cobrados pela largura da casa. Portanto, casas estreitas pagavam menos, não importando a profundidade ou a altura. Por conta disso, as escadas também são muito estreitas, o que torna necessário esses ganchos, que se encontram no topo da casa, por onde são puxados os móveis que entram pela janela.
Saindo do passeio fomos comer alguma coisa. Na Holanda e na Bélgica é comum encontrar para vender na rua porções de batata frita servida em um cone de papel. E foi isso que pedi. Só não imaginei que a porção grande seria tão generosa!
Outras curiosidades são os mictórios públicos, que podem ser encontrados em várias esquinas do centro da cidade. E também as grandes escadas nas entradas das casas, que no passado denotavam status – escadas maiores, mais status. Quando os impostos não eram pagos, a justiça mandava retirar a escada, para que todos vissem que naquela casa residiam devedores.
Existem ainda lojas que vendem sementes, pois é permitido plantar pequenas mudas de maconha para consumo próprio. É impressionante a variedade de tipos que se pode encontrar.
Os Coffee Shops têm permissão para vender as consideradas drogas leves, como maconha e haxixe. No entanto, onde se vende droga é proibida a venda de álcool. A solução que alguns encontraram foi bem simples. Na mesma casa (inclusive com a mesma música ambiente), na parte de baixo funciona um Coffee Shop e em cima um bar.
E para encerrar o passeio por Amsterdam visitamos o Distrito Vermelho, que evidentemente não poderia faltar. Lá é onde a prostituição é legalizada. As mulheres, ao invés de ficarem nas ruas, ficam dentro de pequenas residências, com portas de vidro. Usando apenas roupa íntima (ou nem isso) ficam dançando e chamando os turistas para entrar, muitas vezes batendo os dedos contra o vidro para chamar a atenção dos homens que passam. Quando alguém para, elas abrem a porta e conversam, me parece que negociando o preço. Nesse momento é possível ver todos os demais turistas na rua observando a reação do sujeito, aguardando para ver se ele entrará e a cortina se fechará.
O domingo e a segunda passamos em Den Haag mesmo. Isso fica para a próxima postagem. Com isso, infelizmente não tivemos tempo de visitar nenhum museu de Amsterdam, tal como o Rijksmuseum e o Museu Van Gogh, que todos dizem valer a visita. Mas fica, quem sabe, para uma próxima oportunidade.
Um comentário:
boa noite, posso tirar uma dúvida com vc ? em 3 dias consigo conhecer os principais pontos turistico de amsterdam?
gostei demais das suas observações só acho que você pecou mesmo em não ter ido no Museu de Van Gogh é o que mais me recomendam. outra coisa onde vejo aqueles parques que tem as tulipas e os moinhos ?
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